sexta-feira, 31 de agosto de 2012

NELSON RODRIGUES: CEM ANOS DO "ANJO PORNOGRÁFICO".

No último dia 23 de agosto, o escritor e dramaturgo pernambucano Nelson Falcão Rodrigues completaria 100 anos. Autor de 17 peças teatrais, sete romances, cinco contos e diversas crônicas, Nelson era o quinto dos quatorze filhos do casal formado pelo deputado e jornalista Mário Rodrigues e Maria Esther Falcão.  O escritor conheceu em vida o aplauso e o esquecimento e, ao ser reabilitado há cerca de 20 anos, acabou por se tornar uma unanimidade nacional, uma das coisas que ele mais temia.

Torcedor fervoroso do fluminense, Nelson ficou famoso por suas crônicas esportivas e por suas célebres frases. "Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola. A mais sórdida pelada é de uma complexidade shakespeariana. Às vezes, em um córner bem ou mal batido, há um toque evidentíssimo do sobrenatural", disse certa vez o cronista responsável pela popularidade do Fla-Flu. 

Nelson Rodrigues com a camisa do time do coração.

Sua entrada no teatro, melhor dizendo seu nascimento como dramaturgo, aconteceu em um momento de dificuldades financeiras, quando escreveu sua primeira peça, A mulher sem pecado, em 1941. O estilo realista com fortes doses de erotismo ficou logo evidente em sua obra. A crítica à sociedade e as suas instituições, principalmente ao casamento fazem parte de toda a obra de Nelson, que foi comparado ao também escritor realista Eça de Queirós.
Algum tempo depois, escreveu uma das suas mais famosas peças, Vestido de noiva, que se tornou um enorme sucesso, tornando-se um marco do moderno teatro brasileiro.

Vida marcada pela tragédia

Nelson veio com a família para o Rio de Janeiro em 1916, onde viveu por toda a vida. Seu pai foi trabalhar no jornal Correio da Manhã, mas logo depois, na década de 20, resolveu fundar seu próprio jornal, A Manhã. Foi nesse jornal que Nelson iniciou sua carreira jornalística, aos treze anos de idade, na seção de polícia, experiência que lhe deu muita inspiração para suas futuras histórias. Apesar da situação financeira confortável na época, seu pai perdeu o controle acionário do jornal, mas, em 1928, fundou o diário A Crítica, que se tornou um sucesso de vendas mesclando uma cobertura política apaixonada com o relato sensacionalista dos crimes. Uma das notícias de capa causou uma tragédia na família. A notícia relatava a separação do casal Sylvia Serafim e João Thibau Jr. A esposa indignada entrou na redação do jornal armada e atirou em Roberto, irmão do escritor. O pai, Mário Rodrigues, deprimido com a morte do filho faleceu meses depois. Com a Revolução de 30, o jornal é fechado e a família mergulha em uma crise financeira, que durou anos.


Em 1932, Nelson foi efetivado como repórter do Jornal O Globo e, pouco tempo depois, descobriu que estava com tuberculose. Passou um longo período em um sanatório de Campos do Jordão e o seu tratamento foi custeado por Roberto Marinho, dono do jornal, por quem Nelson ficou grato por toda a sua vida. Recuperado, retornou ao jornal e assumiu a seção cultural. 

Em 1945, Nelson passou a trabalhar nos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, quando escreveu seu primeiro folhetim, Meu destino é pecar, que alavancou as vendas de O Jornal, o que estimulou o escritor a escrever sua terceira peça, Álbum de família.

Em 1950, passou a trabalhar no jornal de Samuel Wainer, Última Hora e lá começou a escrever um de seus maiores sucessos jornalísticos, as crônicas de A vida como ela é, atualmente apresentadas no programa dominical Fantástico, da TV Globo, onde Nelson começou a trabalhar na década de 60, participando da primeira "mesa-redonda" sobre futebol da televisão brasileira, o programa Grande Resenha Esportiva

Saúde debilitada

A partir dos anos 70, Nelson viu sua saúde começar a decair. Fumante inveterado, o escritor descobriu-se portador de problemas gatroenteorológicos e cardíacos.

No dia 21 de dezembro de 1980, em uma manhã de domingo, aos 68 anos de idade, falecia o polêmico escritor, após sete paradas cardíacas. Nesse mesmo dia, Nelson acertou os treze pontos da loteria esportiva em um bolão com alguns amigos do jornal O Globo.

Para finalizar esta  homenagem, nada melhor do que uma definição do escritor, elaborada pelo próprio Nelson: "Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico (desde menino).

domingo, 19 de agosto de 2012

Cem anos de Jorge Amado!

O Blog da Fátima Augusta não podia deixar de comentar os 100 anos do escritor JORGE AMADO, autor de 38 livros, morto aos 88 anos de idade, em virtude de uma parada cardiorrespiratória. Militante do Partido Comunista e com livros traduzidos em 49 idiomas e dialetos, o escritor é um dos maiores expoentes da literatura brasileira contemporânea.



Filho de um comerciante sergipano, proprietário de terras no sul da Bahia, Jorge Amado de Faria nasceu em Ferradas, município de Itabuna, a 10 de agosto de 1912. Devido a uma praga de varíola, a família foi  obrigada a deixar a fazenda e se estabelecer em Ilhéus, onde o escritor viveu a maior parte da sua infância. Estudou Direito no Rio de Janeiro e, nessa época, fez seus primeiros contatos com o movimento comunista organizado. Apesar de se afirmar materialista, Jorge Amado conciliava o ateísmo com a religião, mais precisamente o candomblé, chegando a propor uma lei que assegurava a liberdade de culto religioso, durante o período em que foi eleito deputado federal, em 1945, pelo Partido Comunista Brasileiro. Também foi autor da emenda que garantia os direitos autorais. As suas obras trazem o tom místico e religioso do povo brasileiro. "Jorge Amado conseguiu o absurdo de ser cético e de ser crente", comentou o escritor Carlos Heitor Cony (Jornal O Globo, Segundo Caderno, de 29/07/2012).

Com uma obra traduzida para 49 idiomas em 55 países, Jorge Amado é um dos escritores brasileiros mais respeitados fora do Brasil, onde após ter sofrido pressões políticas, viveu exilado na Argentina, Uruguai (1941 a 1942) e, após a cassação do seu mandato de deputado federal, cruzou o Atlântico e viveu em Paris (1948 a 1950) e em Praga (1951 a 1952). Sua obra dessa época trazia um tom abertamente partidário, como "O mundo da paz" (1951) e "Os subterrâneos da liberdade" (1952).

A partir de 1958, com a publicação de "Gabriela cravo e canela", suas obras passam a ter um tom mais regional, místico e com toques de sensualidade. Criou várias personagens famosas e eternizadas no cinema e na TV, como Tieta, Gabriela, Teresa Batista, Dona Flor, entre outras. Alguns críticos da sua obra alegam que os tipos criados por Jorge Amado são repetitivos, como o coronel malvado, a beata, a prostituta, o idealista. Porém, são essas mesmas personagens que mostram a nossa realidade. Através dos seus romances vemos a desigualdade social, o poder do opressor sobre o oprimido, a escassez de recursos de muitos e a vida abastada de poucos da elite nacional. Enfim, apesar do regionalismo da sua obra, essas questões têm uma amplitude mundial, já que convivemos com a desigualdade em todos os lugares.

Em 1961, Jorge Amado foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira número 23. Essa mesma cadeira foi ocupada mais tarde, após sua morte, por sua mulher, a também escritora Zélia Gattai, com quem se casou em 1945 e com quem teve dois filhos: João Jorge (1947) e Paloma (1951). 

Em 1996, Jorge Amado sofre um edema pulmonar em Paris e cinco anos mais tarde, em 2001, após sucessivas internações, morre o escritor no dia 06 de agosto, vítima de uma parada cardíaca.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

SOL, o girassol, participa de evento empresarial!

Amigos leitores, SOL, O GIRASSOL INSATISFEITO foi convidado para participar de um evento voltado para as crianças em uma empresa de telefonia, no Rio de Janeiro. Os participantes mirins eram filhos dos funcionários e se divertiram por horas nas diversas oficinas oferecidas no evento, com o objetivo de distrair a criançada.

Cada atividade utilizava uma sala. Tinha teatro, oficina de artes, cinema, tatuagem e... Contação de história!  É, minha gente, as aventuras desse girassol insatisfeito e sonhador também foi apresentada para as crianças convidadas. 

Além disso, ao terminar a contação, cada criança recebia um exemplar do livro. Elas ficaram muito contentes com o presente! 

Na hora da apresentação, as crianças ficaram bem atentas. Confiram abaixo alguns momentos de mais um passeio do GIRASSOL CHAMADO SOL:





Foi uma experiência muito gratificante poder participar de um evento como esse. Fiquei feliz em ver o interesse despertado pelo meu amigo SOL. 

Agora é só aguardar pelos próximos passeios do GIRASSOL INSATISFEITO.
Até breve!

domingo, 5 de agosto de 2012

Quem é a Fátima Augusta?

Alguns amigos, fãs do meu trabalho, sugeriram que eu elaborasse uma espécie de biografia, para que as pessoas pudessem conhecer um pouco mais a meu respeito e de onde vem o meu encanto pelas letras e pela criação de histórias de um modo geral.
No início, resisti um pouco a essa sugestão. Falar de nós mesmos é muito difícil! Descobrir o lado certo da fronteira, de forma a não cair na pieguice do autoelogio, ou no resumo excessivamente objetivo de fatos importantes sobre a nossa personalidade profissional, é um trabalho árduo!
No meu primeiro livro publicado, CONTOS DE TODOS NÓS, coletânea do trabalho de 20 autores, a editora pediu a cada um que se apresentasse objetivamente em cerca de cinco linhas. Meu Deus, o que devemos falar sobre nós em apenas cinco linhas?!


No meu segundo livro, SOL, O GIRASSOL INSATISFEITO, o espaço para falar a meu respeito foi mais generoso, nem por isso o trabalho ficou mais fácil. 

Compre já!

Bem, vencendo a timidez e encarando de frente os meus amigos leitores, decidi apresentar a vocês a Fátima Augusta.

Desde criança, minha paixão pela arte de contar histórias ficou evidente. Me lembro de criar uma peça de teatro para um trabalho de geometria para contar a história do geômetra Aquiles. Não me lembro como consegui convencer o grupo a embarcar nessa aventura, mas o fato é que fizemos a pesquisa sobre Aquiles e eu fiquei encarregada de transformar a pesquisa em um texto teatral, se é que podemos chamá-lo assim. Deixamos a professora bastante curiosa, quando pedimos a ela para apresentarmos o nosso trabalho em um espaço maior, pois teríamos que montar o cenário. É, gente, teve cenário, figurino, texto para decorar e... Muito mais! O resultado não poderia ser outro: 10 para todo o grupo! O sucesso foi tanto que a professora reuniu outras turmas e fizemos outra apresentação. Para as nossas cabecinhas adolescentes, foi um sucesso incrível!

Segui em frente e me formei em jornalismo, profissão que exerci por 10 anos, até resolver que queria contar minhas próprias histórias. Fui estudar com o escritor José Louzeiro (aquele da postagem anterior Ao Mestre  com carinho) e com ele aprendi como é contar uma história valendo-se das imagens. Fiquei fascinada! Como projeto de fim de curso, escrevi o roteiro INVEJA e continuei trabalhando com Louzeiro. Participei como uma das repórteres da sua equipe, na época em que ele escreveu as biografias da cantora Elza Soares e do chefe da guarda de Getúlio Vargas, Gregório Fortunato. Foi um período muito rico da minha vida profissional. Era como se eu estivesse passeando pela história musical e política do nosso país, conhecendo personagens que já faziam parte dos livros de história. Adorei!

Nessa época também, escrevi meu primeiro conto, UM DIA DIFERENTE, premiado por duas vezes. Uma pela prefeitura de Campos em um concurso nacional e, posteriormente, na Bienal do Rio de Janeiro, em 2009, quando o texto foi selecionado e publicado pela primeira vez na coletânea de contos do livro CONTOS DE TODOS NÓS.

Com a maternidade, o universo infantil invadiu de vez os meus pensamentos e tomou conta da minha imaginação. Durante o período da amamentação, inventei muitas musiquinhas e, na hora de dormir, costumava criar pequenas histórias, até que um dia resolvi contar as aventuras do SOL, o girassol que não queria olhar para o sol. A história encantou o meu filho, João Pedro, na época com quatro anos. Todos os dias ele me pedia para contar novamente a mesma história. Com isso, ela foi ganhando mais e mais detalhes e, certa noite, após ele ter dormido, decidi colocá-la no papel. Foi aí que nasceu meu primeiro texto infantil (para saber maiores detalhes sobre o processo de criação, vejam as postagens do marcador Girassol chamado Sol).

Caros amigos leitores, acho que consegui fazer um resumo da minha vida profissional. Ainda tenho muitas outras coisas para contar, mas isso eu deixo para uma próxima oportunidade.

Até breve!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Blog da Fátima Augusta supera os dois mil acessos!!!

É com profunda alegria e satisfação que comunico a vocês, queridos leitores, seguidores e amigos, que o Blog da Fátima Augusta superou os dois mil acessos!

Obrigada pelo interesse e pela participação de todos!

E me aguardem! Tem mais coisa vindo por aí!

Abraços e até a próxima!