Nos últimos dias vi algumas mensagens na internet mencionando sobre uma possível epidemia de meningite. Grupos de pais, mães e responsáveis repassaram mensagens, notícias, postagens, preocupados com uma possível contaminação dos seus filhos. Diante do quadro que observei, decidi pesquisar um pouquinho para saber mais detalhes sobre essa tão temida doença. Queria dividir com vocês o resultado do que encontrei a respeito.
Meningite bacteriana X meningite viral
A fama terrível da doença ganhou notoriedade entre 1972 e 1974, quando ocorreu, em São Paulo, a maior epidemia de meningite meningocócica que se tem notícia no mundo, causada pela bactéria chamada meningococo, que é transmitida pelas vias respiratórias. Mas diversos germes podem causar a meningite, como o pneumococo, o germe da pneumonia, e o hemófilo e ambos podem provocar um quadro semelhante ao do meningococo.
Porém, nem sempre a meningite é causada por bactéria. Muitas vezes os agentes são os vírus, germes muito menores do que as bactérias e que, em geral, provocam um quadro mais leve da doença. Os sintomas são muito semelhantes aos da gripe e resfriados e, por ser mais benigna, podem evoluir sem tratamento. Já as causadas por bactérias podem ser muito graves e devem ser tratadas imediatamente com antibióticos.
Existem exames específicos para diagnosticar o tipo de meningite, mas às vezes, por conta da demora nos resultados, inicia-se logo o tratamento com antibióticos para impedir o avanço rápido da meningite bacteriana. Um indício importante de que o quadro não está evoluindo bem é a prostração da criança e o aparecimento de manchas vermelhas pelo corpo, que podem indicar uma grande circulação de bactérias pelo sangue.
O mais importante é nunca desconsiderar nenhum sintoma. A visita ao médico é obrigatória, pois só ele pode avaliar melhor o quadro clínico e utilizar-se de exames especiais, se necessário, para obter um correto diagnóstico.
Avaliação médica é importantíssima para o diagnóstico. |
Prevenção: o melhor remédio
O calendário oficial de vacinação inclui vacinas contra a meningite, porém não engloba todos os sorogrupos. Nos postos de saúde já encontramos imunização contra o pneumococo, o hemófilo e o meningococo do tipo C. Na rede particular podemos encontrar a imunização para os meningococos dos sorogrupos A, W e Y e é recomendada pelos pediatras. "Com a imunização de grande parte da população para um único sorotipo, os outros se tornam mais prevalentes", avisa a pediatra e pneumologista Beatriz Lam, acrescentando que sempre recomenda a prevenção.
Há cerca de dois anos chegou uma nova "arma" contra a doença causada pelos meningococos: a vacina ACWY. Chamada quadrivalente por proteger contra quatro sorogrupos de meningococo (A, C, W e Y), esta vacina, disponibilizada apenas na rede particular, é recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria a partir dos dois anos de idade, mas também pode ser ministrada em adolescentes e adultos. Os cuidados na administração são os mesmos de outras vacinas: não aplicar em indivíduos com febre. Uma outra recomendação é de que esta vacina não seja administrada simultaneamente com outras vacinas, somente se for absolutamente necessário. Apesar do sorogrupo C já contar com a imunização na rede pública, na vacina ACWY funciona como reforço, já que a mesma também o engloba. "Quanto mais imunizada estiver a criança, melhor", observa a pneumologista.
Dra Beatriz Lam, pneumologista, ressaltou a importância da imunização. |
Até o momento existem 13 sorogrupos de meningococos conhecidos, mas apenas cinco deles são responsáveis pela maioria dos casos de meningite (A, B, C, W, Y). Em São Paulo, o sorotipo mais comum é o C. No Brasil, como um todo, circulam os sorogrupos B, C, W e Y. Ainda não existe vacina para o sorotipo B, mas os pesquisadores já vem trabalhando nisso.
O importante é ficar atento ao comportamento das crianças e não minimizar pequenos sintomas, como uma dor de cabeça, por exemplo. A visita ao pediatra, ou em casos mais emergenciais, a um hospital, é fundamental para obter a melhor solução para o problema, garantindo uma boa evolução para o caso.
Fontes pesquisadas:
http://drauziovarella.com.br/virus-e-bacterias/meningite-2/
http://www.immuni.com.br/novidades/detalhes.asp?intCodigo=31