segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

PAPO DE MÃE: O JOGO.

Há tempos venho pensando em criar esse marcador... Sabe como é, trocar e contar experiências do dia a dia de ser mãe. Mas sempre acabava deixando para depois.
Bem, mas a oportunidade se fez presente hoje, quando meu filho, de 10 anos, me chamou para ver um vídeo sobre um novo jogo.



Se me perguntassem há tempos atrás se eu ficaria assistindo um cara falar durante quase dezoito minutos sobre as várias formas de se cometer um assassinato, eu diria que seria impossível algo assim. Afinal, nunca fui fã de games. Principalmente, os violentos.

Pois é, mas se seu filho pedir para você dar sua opinião sobre algum jogo, melhor dar atenção. Se fosse algo que ele julgasse "tranquilo", ele não estaria pedindo sua avaliação, não acham?

E lá fomos nós para a tela do computador. De cara, ao digitar o nome do jogo, Yandere Simulator, encontrei na página de busca um blog de desenvolvimento de jogos. No texto sobre o jogo em questão havia a reclamação de que o site Twitch, famoso pela transmissão de diversos jogos, havia banido o tal do Yandere Simulator. "Informação relevante", pensei. 





Continuamos a observar a lista de sugestões no site de busca. Foi então que meu filho falou sobre o canal de um outro 'famoso' youtuber, o Molusqueti, que dá várias dicas sobre jogos. "O Brasil ficou em segundo lugar em visualizações do Yandere Simulator, com 1 milhão de acessos. Os Estados Unidos ficou em primeiro, com 3 milhões de acessos", me contou empolgado. Meu interesse começou a aumentar. Perguntei onde ele viu essas informações. "Nesses vídeos do Molusqueti!", respondeu prontamente. "Ah, sim! No Youtube!", argumentei para disfarçar minha ignorância diante de fato tão óbvio. Voltamos ao site de busca e lá fui eu encontrar o tal do Molusqueti. Encontrei. Fomos assistir o vídeo.

De início, achei chato, uma falação sem fim, mas depois de um minuto, as descrições e sugestões do "cara" firmaram minha atenção. Em cerca de quase dezoito minutos, Molusqueti apresenta diferentes formas da personagem central conseguir seu intento. E sabe qual é o objetivo? Assassinar suas colegas de colégio. 

"Mas por que ela quer matar as outras garotas?", questionei o eloquente rapaz ao meu lado. "Porque ela gosta de um garoto e pra que ele a note, ela tem que matar todo mundo", explicou. "Como assim? Ela tem que matar pra ser notada???", perguntei estupefata. "Não só por isso. Ela tem ciúmes também. Então, toda garota que chega perto dele ela quer eliminar", acrescentou. 

Choquei! Que história horrível! Me lembrou o dia em que meu marido, na época ainda namorado, me levou para assistir Sexta-feira 13 - parte... Alguma coisa! Depois de tampar os olhos quase todo o filme, gritar feito louca e agarrar o braço dele quase interrompendo a circulação, fiz a mesma pergunta: "por que esse louco quer matar todo mundo com essa serra elétrica?" Ouvi a explicação de que eu estava naquele estado deplorável porque não havia visto o primeiro filme. Se não me engano, acho que estávamos assistindo ao sexto filme dessa franquia tenebrosa, que já movimentou cerca de quinhentos milhões de dólares. "E como se faz para enterrar esse morto vivo de vez?", questionei irritada na época. A resposta vocês já sabem. Naquele filme ninguém sabia ainda como enterrar aquele zumbi dos anos 80. Pelo visto, até hoje não sabem, pois pretendem revivê-lo, ou acordá-lo novamente em 2017.


Jason, o temido assassino de Sexta-feira 13.


Mas voltemos ao jogo. A história se resume nas ações dessa colegial adolescente, que decide eliminar qualquer obstáculo que se interponha entre ela e o seu amor. Para mim ela é uma jovem psicopata. E, pelo visto, a patologia vem de família, conforme me explicou o jovem rapazinho: "o cara, o Molusqueti, vai montando uma teoria a partir das atualizações, tipo a família dela, a mãe era louca, a avó também. E agora ela". No vídeo, Molusqueti faz questão de mostrar que não há sangue nesse jogo. Porém, as ações e intenções da protagonista são funestas. 

Depois de assistir a tudo, meu filho e eu continuamos nossa conversa. Afinal, por que ele quis que eu conhecesse o jogo? Segundo ele, queria saber minha opinião a respeito. Bem, diante disso, eu falei que ele já imaginava a minha resposta. Eu continuo não gostando desses jogos e filmes com a mesma temática, porém não vi nada nesse jogo que já não tenha sido mostrado em outros, como o GTA, Assassins Creed e afins. Eu, realmente, não curto, não aprecio. Tampouco posso afirmar o quanto eles podem influenciar negativamente a personalidade de cada um. Mas não posso deixar de admitir o lucro absurdo obtido por essa indústria de games, o que demonstra o grande número de adeptos do estilo

Agora o melhor mesmo dessa história toda foi o papo que tivemos, meu filho e eu. Ele me ajudou a conhecer mais sobre esse universo e, sobretudo, perceber que a informação vai chegar para eles de qualquer forma, mais cedo ou mais tarde. O que precisamos é cultivar esse contato, essa proximidade, para estabelecermos uma confiança recíproca, que o ajude no futuro a escolher o melhor caminho. 

Ah, um outro detalhe importante é que, por mais enfadonho que seja o assunto, ou por mais cansados que estejamos, devemos dar atenção a essas solicitações. Elas podem conter um desabafo, uma tristeza, ou um pedido de ajuda. Se o assunto for leve ou simples, só saberemos se os escutarmos, não é mesmo?

Então, com vocês, o jogo da vida!