Sabe aquele dia que você acorda com preguiça e pensa: por que não é feriado?
O desejo de continuar na cama quente, de olhos fechados, distante do burburinho do dia que começa. É, mas é só aquele desejo esboçado no mais íntimo dos pensamentos. Vamos acordar, abrir os olhos, sacudir a preguiça e buscar a disposição. Afinal, o dia já começou!
E aí vem tudo de novo: banho, café da manhã, preparar o lanche e a mochila para a escola do filho, procurar uma roupa que lhe incentive a enfrentar o novo dia com mais disposição e... Partir para o trabalho!
Engarrafamento, trânsito tenso e agitado e, finalmente, chegada à escola. Na entrada, beijos, abraços e um adeus cheio de uma saudade preguiçosa. Por instantes, eu paro e vejo o meu amor partindo para enfrentar também a rotina do novo dia. Dá aquela saudade da época de escola, dos amigos da adolescência, da infância, de como a vida era boa (na época nem parecia tanto assim, não é mesmo?)...
Bem, mas é hora de retornar ao carro, enfrentar mais trânsito e chegar ao trabalho. Entro no carro e me preparo para a guerra. É, porque o trânsito em uma grande cidade é, literalmente, uma guerra! Coloco o cinto de segurança, viro a chave na ignição, ligo o rádio e, subitamente, quando vou engatar a marcha, tudo muda...
O rádio toca a melodia suave da canção VELHA INFÂNCIA. A voz maravilhosa da cantora Marisa Monte, ao lado dos Tribalistas, me faz desistir de engatar a marcha. Com a cabeça recostada, sinto os primeiros raios de sol de uma manhã linda, fresca e suave do outono carioca na minha face. Fecho os olhos e sinto o calor do astro rei me acariciando e me aquecendo. A música, as lembranças, o sol, a beleza do momento... Tudo mudou! O dia ganhou novas cores, nova disposição... Trânsito? Onde? Barulho, buzinas? Não ouço mais nada. Abro os olhos e vejo as pessoas de forma diferente. Não as ouço, só as vejo. Parece que a tecla mudo foi acionada no controle remoto imaginário. Que vontade de fazer tudo diferente naquele dia... Se vou conseguir, não sei. Certezas? Para quê? Fico com a beleza da sensação daquele momento que foi só meu. De mais ninguém!