segunda-feira, 20 de abril de 2015

MENINGITE - SINTOMAS, CUIDADOS, PREVENÇÃO.

Nos últimos dias vi algumas mensagens na internet mencionando sobre uma possível epidemia de meningite. Grupos de pais, mães e responsáveis repassaram mensagens, notícias, postagens, preocupados com uma possível contaminação dos seus filhos. Diante do quadro que observei, decidi pesquisar um pouquinho para saber mais detalhes sobre essa tão temida doença. Queria dividir com vocês o resultado do que encontrei a respeito. 


A meningite meningocócica é uma doença infecciosa, que causa a inflamação da membrana que envolve o cérebro (meninges) e a medula espinhal. Transmitida por um grupo de bactérias chamadas meningococos, a meningite é uma constante fonte de preocupação, pois surge de uma forma repentina e sua evolução é muito rápida, podendo levar à morte em até 48 horas a partir do aparecimento dos primeiros sintomas.  Os meningococos atacam o organismo através das secreções da garganta ou nariz e os sintomas da doença, como dor de cabeça, vômitos, rigidez da nuca, prostração e febre alta, podem ser confundidos com os de uma virose comum e nunca devem ser desconsiderados. Quando não há um desfecho fatal, podem ocorrer sequelas, como danos cerebrais, surdez e até perda de membros. O diagnóstico precoce e o rápido início do tratamento podem minimizar os riscos, mas a observação sempre atenta e a prevenção podem ser uma boa opção no combate a essa vilã assustadora e implacável. 

Meningite bacteriana X meningite viral

A fama terrível da doença ganhou notoriedade entre 1972 e 1974, quando ocorreu, em São Paulo, a maior epidemia de meningite meningocócica que se tem notícia no mundo, causada pela bactéria chamada meningococo, que é transmitida pelas vias respiratórias. Mas diversos germes podem causar a meningite, como o pneumococo, o germe da pneumonia, e o hemófilo e ambos podem provocar um quadro semelhante ao do meningococo. 

Porém, nem sempre a meningite é causada por bactéria. Muitas vezes os agentes são os vírus, germes muito menores do que as bactérias e que, em geral, provocam um quadro mais leve da doença. Os sintomas são muito semelhantes aos da gripe e resfriados e, por ser mais benigna, podem evoluir sem tratamento. Já as causadas por bactérias podem ser muito graves e devem ser tratadas imediatamente com antibióticos.

Existem exames específicos para diagnosticar o tipo de meningite, mas às vezes, por conta da demora nos resultados, inicia-se logo o tratamento com antibióticos para impedir o avanço rápido da meningite bacteriana. Um indício importante de que o quadro não está evoluindo bem é a prostração da criança e o aparecimento de manchas vermelhas pelo corpo, que podem indicar uma grande circulação de bactérias pelo sangue.

O mais importante é nunca desconsiderar nenhum sintoma. A visita ao médico é obrigatória, pois só ele pode avaliar melhor o quadro clínico e utilizar-se de exames especiais, se necessário, para obter um correto diagnóstico.

Avaliação médica é importantíssima para o diagnóstico.


Prevenção: o melhor remédio

O calendário oficial de vacinação inclui vacinas contra a meningite, porém não engloba todos os sorogrupos. Nos postos de saúde já encontramos imunização contra o pneumococo, o hemófilo e o meningococo do tipo C. Na rede particular podemos encontrar a imunização para os meningococos dos sorogrupos A, W e Y e é recomendada pelos pediatras. "Com a imunização de grande parte da população para um único sorotipo, os outros se tornam mais prevalentes", avisa a pediatra e pneumologista Beatriz Lam, acrescentando que sempre recomenda a prevenção. 

Há cerca de dois anos chegou uma nova "arma" contra a doença causada pelos meningococos: a vacina ACWY. Chamada quadrivalente por proteger contra quatro sorogrupos de meningococo (A, C, W e Y), esta vacina, disponibilizada apenas na rede particular, é recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria a partir dos dois anos de idade, mas também pode ser ministrada em adolescentes e adultos.  Os cuidados na administração são os mesmos de outras vacinas: não aplicar em indivíduos com febre. Uma outra recomendação é de que esta vacina não seja administrada simultaneamente com outras vacinas, somente se for absolutamente necessário. Apesar do sorogrupo C já contar com a imunização na rede pública, na vacina ACWY funciona como reforço, já que a mesma também o engloba. "Quanto mais imunizada estiver a criança, melhor", observa a pneumologista.


Dra Beatriz Lam, pneumologista, ressaltou a importância da imunização.

Até o momento existem 13 sorogrupos de meningococos conhecidos, mas apenas cinco deles são responsáveis pela maioria dos casos de meningite (A, B, C, W, Y). Em São Paulo, o sorotipo mais comum é o C. No Brasil, como um todo, circulam os sorogrupos B, C, W e Y. Ainda não existe vacina para o sorotipo B, mas os pesquisadores já vem trabalhando nisso. 

O importante é ficar atento ao comportamento das crianças e não minimizar pequenos sintomas, como uma dor de cabeça, por exemplo. A visita ao pediatra, ou em casos mais emergenciais, a um hospital, é fundamental para obter a melhor solução para o problema, garantindo uma boa evolução para o caso.

Fontes pesquisadas: 
http://drauziovarella.com.br/virus-e-bacterias/meningite-2/
http://www.immuni.com.br/novidades/detalhes.asp?intCodigo=31

domingo, 5 de abril de 2015

CRÔNICA DO DIA: UMA NOVA (VELHA) FORMA DE ESCRAVIDÃO?

Uma matéria me chamou atenção na revista Super Interessante de Fevereiro de 2015. Uma matéria pequena, mas que me fez refletir bastante no dia em que foi lida.


Nós, brasileiros, quando ouvimos falar sobre a escravidão no Brasil, nossa memória nos remete imediatamente ao nosso passado, que parece muito distante. É como se viajássemos em segundos para um tempo que ficou bem lá atrás. E sempre vem aquela pergunta, será que a escravidão acabou mesmo? Ou será que ela adquiriu novos contornos? Sim, porque um trabalhador que não recebe justamente por seu trabalho, pode parecer um escravo da era moderna, não pode?



Todos já ouvimos falar sobre a precariedade vivida pelos trabalhadores chineses. Na referida matéria, intitulada A China da China, na coluna Super Novas, o assunto era exatamente sobre isso. "Operário chinês come o pão que o diabo amassou. Ganha pouco, trabalha demais, vive mal", constatava Patrícia Noriyassu em seu texto. Essa situação acarretou, em 2010, "14 suicídios na Foxconn, que produz os gadgets da Apple". Esse fato teria preocupado o governo chinês, que a partir de então, resolveu dar uma incrementada nas questões trabalhistas e chegou a aumentar o salário mínimo em 25% nos últimos dois anos (algo em torno de R$ 766,00), principalmente na região de Shenzen, onde se concentram a maior parte das fábricas de tecnologia. 

Até aí tudo parecia ir bem, afinal já havia passado da hora de alguma coisa ser feita, certo? Errado. Os empresários chineses, é claro, não gostaram das mudanças. Não porque viram sua margem de lucro diminuir. Não. Imagina! E sim porque, segundo eles, com um salário mínimo desses, não poderiam manter os mesmos preços baixos que conhecemos. Foi então que tiveram uma ideia brilhante: migrar suas empresas para lugares onde poderiam manter esses preços convidativos para o consumidor, aliados ao baixo custo da mão de obra, garantindo a felicidade de todos. De todos?... E que lugar seria esse? Adivinhem! Interior da China e... África! Sim, África! Nossa velha conhecida fornecedora, dos idos tempos, de mão de obra barata, ou melhor dizendo, gratuita. 




Com um salário mínimo bem atrativo para os empresários, em torno de 30 a 50 dólares por mês, mais de 2.500 empresas chinesas já migraram para o continente africano. Países como Nigéria, África do Sul, Zâmbia, Gana e Etiópia já são responsáveis por grande parte da produção de calçados, roupas, material de construção, eletrodomésticos e até automóveis. Patrícia alerta ainda que, em um futuro bem próximo, iremos começar a ler, com muito mais frequência, a inscrição Made in Africa, em lugar da nossa velha conhecida Made in China.

Mais uma vez o povo africano serve aos interesses comerciais dos povos que vivem além de suas fronteiras. É bem verdade que a ida dessas empresas para lá pode ajudar de alguma forma ao desenvolvimento deles. Mas esse desenvolvimento vai vir carregado de muito sacrifício de um povo acostumado a, literalmente, "matar vários leões por dia". Até que relações de trabalho mais justas sejam uma constante, quantos já não terão sofrido a dura realidade da exploração de um povo carente de tudo: saúde, moradia, comida, segurança, educação, entre tantas outras coisas.

Sempre vemos nos noticiários a luta contra a exploração do trabalho escravo, mas ao mesmo tempo, também assistimos, sentados e impotentes, a ida de grandes empresas ocidentais, não só asiáticas, para essas terras, devido aos grandes incentivos fiscais, o baixo custo da mão de obra e a garantia de lucro certo. Com isso, fica quase impossível deixar de adquirir produtos com essa procedência, numa tentativa quase pueril de impedir essa escravidão moderna.

O ser humano é por demais paradoxal. Mesmo aqueles que enriquecem algumas postagens nas redes sociais com seus comentários politicamente corretos, no dia a dia podem valer-se de facilidades e/ou vantagens, com o objetivo de lucrar de alguma forma em situações até corriqueiras. Em nome da luta contra os abusos da classe política, muitos lançam mão de certos artifícios, como o "gato" no consumo da energia elétrica, na tv a cabo e por aí vai, para economizar e desfrutar de um serviço pelo qual não está pagando. Isso dentro de um universo mais restrito. Imagina o que não fazem aquelas pessoas que detém o poder sobre muitos. Parece repetitivo lembrar de algumas pessoas que começaram suas vidas em situações bem desfavoráveis e que ao conquistarem uma situação econômica invejável, agem exatamente como aqueles que já estavam no topo da pirâmide. Isso é muito comum.

Na época da escravidão no Brasil, alguns poucos negros (uma minoria), já libertos, conseguiram destacar-se e enriqueceram. E ao verem-se em situação confortável, também adquiriram escravos para servi-los. Parece curioso, mas na própria África de outrora, os intermediários do tráfico negreiro, aqueles responsáveis por levar a "carga" humana até os exploradores/colonizadores, eram os próprios africanos. 

Será que o que vemos acontecendo agora na China, na África e muitas vezes até aqui mesmo no Brasil, é diferente dos idos tempos? Alguns poucos lucrando muito à custa de um trabalho quase servil. Será que seremos sempre assim? Será que nunca poderemos imaginar o quão difícil é viver com um salário de 30 dólares, quando nós mesmos, apesar de todas as dificuldades, ainda desfrutamos do próprio conforto da tecnologia, por exemplo, que permite que viajemos pelo mundo ao alcance de um clique? Para aquele povo que recebe um salário mínimo como esse, a maravilha do mundo globalizado chega a ser um "luxo".


Somos todos, com certeza, contra o trabalho escravo, mas adoramos os preços baixíssimos oriundos dessas produções, não é verdade? Afinal, adquirindo um produto barato, nos sobra mais dinheiro para usufruir de outras facilidades e vantagens. E assim a vida segue seu curso.



Eu queria que tudo fosse diferente. Que as pessoas não fossem privadas do básico e que pudessem, algumas (ou muitas) vezes, adquirir um pouco do supérfluo, que faz parte da vida e também alimenta a economia mundial. Há tempos que tenho a mania de olhar sempre a procedência dos produtos e, dia desses, fiquei feliz da vida quando encontrei um prendedor de cabelo com a inscrição made in France. Só faltei dar pulos de alegria, apesar do preço pouco convidativo. Mas ali, com aquele pequeno artefato em minhas mãos, pensei: "o trabalhador que o produziu deve levar uma vida mais digna". Assim espero. Assim como também espero que as relações de trabalho possam ser melhores nos países em desenvolvimento. Que em algum dia não precisemos mais produzir e lucrar à custa da exploração de alguns. 

segunda-feira, 30 de março de 2015

CAp-UERJ retorna parcialmente as aulas amanhã!

Em reunião convocada pela direção do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, mais conhecido como CAp-UERJ, hoje, pela manhã, o diretor Lincoln Tavares explicou as dificuldades e os motivos para que o ano letivo 2015 ainda não tenha iniciado na instituição de ensino. 




Estavam presentes à reunião a equipe docente e muitos pais, angustiados com a situação. Conforme foi demonstrado pela direção do Instituto, a questão da falta de professores é crítica. O sétimo ano é uma das séries mais afetadas pelo problema, pois existem diversas lacunas em sua grade de horário. Faltam professores em diversas disciplinas, como Artes, Francês, História, entre outras. "É o ano mais crítico que a gente tem", lamenta a vice-diretora Maria Beatriz Porto, acrescentando que a grade pode ir sendo preenchida, conforme forem tomando posse os aprovados nos últimos concursos realizados. Mesmo assim, as lacunas são serão totalmente preenchidas pelos recém-chegados. Por conta disso, foi permitida a realização de novo concurso para professores contratados, o que havia sido proibido pelo Ministério Público no ano passado. 
Um fato que, certamente, ajudaria na solução da falta de professores seria a renovação dos contratos dos professores que já lecionavam na instituição no ano passado. Mas, segundo as explicações fornecidas, há uma norma da universidade que exige um intervalo de um ano para a renovação dos contratos.

Dedicação Exclusiva

Diante do quadro desolador, alguns pais presentes levantaram a hipótese de se estender a carga horária dos professores. Alguns são contratados para 20 horas e outros para 40 horas, dependendo do contrato. "Não é tão simples como parece", descarta o diretor, acrescentando que muitos deles trabalham em outras instituições. Nem todos estão inseridos no programa da Dedicação Exclusiva (DE), principalmente aqueles que possuem uma carga horária mais reduzida. Além disso, a questão das horas não estabelece a permanência do professor somente em sala de aula. É garantido um tempo para pesquisa e desenvolvimento de projetos.


Outros problemas afligem e atingem toda a comunidade "Capiana", como a falta de técnicos e funcionários da limpeza também. Falta técnico para o laboratório de Física e, por conta disso, os alunos não podem receber a aula no laboratório por questões de segurança, apesar de ter professor para esta disciplina.

Ensino colaborativo prejudicado

Mesmo diante do quadro desolador apresentado, a reunião demonstrou as inúmeras tentativas realizadas para solucionar os problemas do instituto de uma forma mais permanente.
Para que as aulas do primeiro ao quinto ano do Ensino Fundamental possam se iniciar amanhã, 31 de março de 2015, ficou decidido que as professoras do ensino colaborativo, bem como do clube de leitura, recuperação paralela, entre outras, assumirão as turmas e as disciplinas do Núcleo Comum, até que sejam empossados todos os aprovados nos concursos realizados. Para os alunos do sexto ao segundo ano do Ensino Médio, foi dada uma nova previsão: 13 de abril. Mas essa data ainda será confirmada nos próximos dias.



Sobre a notícia veiculada na imprensa neste final de semana sobre a exigência da reitoria da UERJ para que as aulas se iniciassem completamente hoje, o diretor informou que não recebeu nenhum comunicado oficial para isso, até porque, como foi demonstrado, a falta de professores é uma realidade. 
Ainda sobre essa situação, esteve presente também um integrante do Centro de Humanidades da universidade, Glauber Lemos, que garantiu que a exigência da volta às aulas no CAp hoje não foi abordado na referida reunião.


Vice-diretora explica as lacunas na grade de horários.

Bem, agora é continuar de olho firme e acompanhar atentamente os desdobramentos dessa situação, que ocorre já há algum tempo na instituição. E torcer para que o Colégio de Aplicação da UERJ continue tendo o ensino de excelência pelo qual sempre foi conhecido. Que as autoridades competentes não poupem esforços para que a educação de qualidade, que sempre foi oferecida pela instituição, possa se estender a todas as escolas públicas do Estado.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

CRÔNICA DO DIA: VAIDADE OU PRIORIDADE?

Caminhava pela calçada de pedras portuguesas da avenida Marechal Floriano, pela manhã, bem cedo, quando um casal dormindo sob a marquise de uma das lojas chamou minha atenção. Indiferentes ao burburinho do dia que começava, eles dormiam profundamente. Cobertos até o pescoço, notei que a mulher havia deixado os pés para fora e era justamente isso que destacava-se naquele cenário tão comum em grandes centros urbanos como o Rio de Janeiro. Apesar dos pés sujos de quem anda descalço pela rua, suas unhas estavam pintadas. De azul. Acho que é uma das cores da moda atualmente. Acho. 

Com um impulso rápido e incontrolável, olhei minhas mãos. Unhas aparadas, curtas e... Sem esmalte! Imediatamente minha mente teceu indagações e considerações. "Com a correria do dia a dia, muitas vezes não sobra tempo de maiores cuidados conosco", justifiquei para mim mesma. Pintar as unhas, às vezes, é um luxo, que o serviço de casa não permite. A não ser que você não se importe em fazer as unhas hoje e amanhã já vê-las descascando. 

Mas os pés daquela mulher me incomodaram. Por que ela, que sequer possui um sapato, uma cama quente, um travesseiro cheiroso, limpo, um teto sobre a sua cabeça, roupas limpas, etc, pinta as unhas e eu não? Será que sou desleixada com a aparência, sou desprovida de vaidade? Não cuido de mim como toda mulher deve fazer? Será que sou uma mulher diferente? Será? Uma mulher meio menino, talvez. Não! Existem homens hoje em dia que também cuidam da aparência com esmero e dedicação. Não pode ser! Afinal, também gosto de andar cheirosa, limpa, cabelo tratado... Mas aqueles pés... Por que me incomodaram tanto?

Segui meu caminho lentamente com a cabeça absorta em tais pensamentos, sem conseguir chegar a nenhuma conclusão. A imagem daqueles pés de unhas coloridas não saía da minha cabeça. Aqueles pés sujos da sujeira da rua, descalços, mas com as unhas pintadas. E os meus... Calçados, quentinhos, limpinhos, protegidos... Mas as unhas sem esmalte ou base...

De repente, me veio a cabeça a palavra prioridade! Só pode ser isso! Cada um estabelece as suas de acordo com o que vive e acredita. Nossas vidas determinam nossas prioridades. Será? A única certeza que tenho é de que minhas prioridades são diferentes das daquela moça.  Só isso. Quem está certa? Eu? Ela? Quem sou eu para dizer...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

CRÔNICA DO DIA: FELIZ ANO NOVO!

Certa vez, há muito tempo atrás, um amigo meu de longa data me disse uma frase, que naquele instante, me deixou um pouco surpresa e, ao mesmo tempo, pensativa.

Ele disse: “Eu admiro você. Você consegue se alegrar com as pequenas coisas”.

Conversamos mais um pouco sobre a afirmativa acima, mas talvez, uma conclusão melhor sobre o significado dessa afirmação só chegou mais tarde, bem mais tarde.

De fato, apesar da mente sonhadora que me acompanha desde a infância, eu me alegro sim com muitas coisas, mas nunca consegui classificá-las por tamanho. A quantidade de sonhos nunca teve a ver com o tamanho deles. Sempre me alegrei com piadas bobinhas e sempre fui, talvez, bobinha, infantil, festeira, dançante e sei lá mais o quê. Nunca esqueci a piada daquele famoso chiclete: “Como se faz pilha de rádio? É só colocar um em cima do outro”. Eu gargalhava com essa piada. Tudo bem. Você deve estar pensando como alguém pode achar graça de algo tão... Bobinho! Pois é, eu achava. (Acho até que ainda acho, mas isso fica só entre nós)

Me lembro também, de uma lua linda que vi, quando estava, em pé, dentro de um ônibus lotado no Aterro do Flamengo, indo em direção à Copacabana. Ela estava magnífica em meio ao céu estrelado e não pude conter a exclamação: “Que lua linda!” Algumas pessoas me olharam e, em seguida, olharam a lua. Apesar de acharem estranho alguém fazer esse tipo de comentário, estando tão desconfortavelmente dentro daquele ônibus, algumas daquelas pessoas esboçaram um aceno de cabeça aprovando a afirmação. Nunca esqueci a visão do satélite mais especial da nossa amada Terra, a charmosa e estonteante Lua.

Pois é, depois dessas lembranças que me vieram a cabeça neste penúltimo dia do ano, eu descobri o que gostaria de desejar aos meus queridos amigos.
Que vocês realizem seus sonhos, claro, que amigo desejaria o contrário?
Que vocês tenham saúde? Óbvio!
Que vocês tenham amor? Dinheiro? Sucesso? Lógico que sim!

Eu desejo tudo isso e muito mais!

Mais alegria! Alegria que venha de dentro de cada um de vocês. Sabe aquela felicidade por estar aqui e viver mais um dia ao lado de todos que amamos, dos amigos queridos, dos irmãos?...

E, principalmente, que vocês também se alegrem com as tais pequenas coisas, essas que fazem a maior diferença no nosso dia a dia. A Lua pode até parecer pequena lá no céu, mas a beleza que ela irradia é majestosamente grande. Tão grande como o sorriso de uma criança feliz, capaz de iluminar o coração de uma mãe.

FELIZ ANO NOVO! FELIZ 2015!

Um grande abraço a todos!!!

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

EDI MORRO DOS TELÉGRAFOS RECEBE A VISITA DO SOL, O GIRASSOL!!!

Sol, o girassol insatisfeito e sonhador foi dar mais um passeio. Desta vez, ele foi conhecer novos amigos no Espaço de Desenvolvimento Infantil Morro dos Telégrafos. 


Com quase 30 anos de existência, a escola, anteriormente conhecida como Casa da Criança Morro dos Telégrafos, recebe crianças dos três aos cinco anos e, através dos vários projetos desenvolvidos na escola, realiza um trabalho de preparação dos pequeninos para o primeiro ano do ensino fundamental.

E foi como culminância de um desses projetos, Pequenos Ouvintes Futuros Leitores, cujo objetivo é despertar, incentivar, valorizar e promover a leitura no âmbito escolar, que o Sol, o girassol, foi convidado a contar as suas aventuras e descobertas por lá. 

Foram momentos muito prazerosos e a equipe de professores e as diretoras receberam o girassol sonhador e sua autora com muito carinho. Sol e eu aproveitamos para deixar aqui registrado o nosso agradecimento a todos os profissionais da escola: professores, diretores, auxiliares e, é claro, às queridas crianças! 


Confiram agora alguns desses momentos agradáveis e felizes:

Registrando o momento (da esquerda para a direita): professora Regina, diretora Simone Barcellos, professoras Liliane e Jaqueline, eu e professora Patrícia.

No trenzinho da literatura (da esquerda para a direita): professora Regina, diretora Simone Barcellos, professoras Patrícia e Liliane, eu, professora Jaqueline e a diretora-adjunta Jurema Lopes.

Diretora Simone Barcellos, anos de dedicação aos projetos da escola.

Recebendo o carinho da diretora-adjunta e profissional dedicada Jurema Lopes.

Professora Cleide Masi, responsável pelo convite ao Sol.





















Com a professora Isabela.




















Professora Roqueline, Sol e eu.




















Contando a história: 





 




















Recebendo o carinho da criançada!!!








sexta-feira, 14 de novembro de 2014

CRÔNICA DO DIA: O PERDÃO.

Duas amigas me pediram para ler um livro sobre um pai atormentado pelo assassinato da filhinha caçula. Depois de três anos a procura do corpo da criança e cheio de ódio, rancor e indignação, esse homem tem um encontro com aquele a quem dirige sua mais veemente intolerância: DEUS. 

Assim que o livro me chegou às mãos, comecei a lê-lo com uma certa má vontade e pensava: "hum, esse livro deve ser triste, amargo, sofrido..." Bem, mas decidi ir frente. Afinal, minhas duas amigas queriam minha opinião sobre um determinado ponto da história. Uma achava que o tal homem havia morrido e a outra que ele viveu um sonho. Não vou contar aqui o final, mas posso adiantar para vocês que o livro me fez parar algumas (ou muitas) vezes para refletir. 

Sim, a história é triste. Sofrida? Muito. Quem pode medir a dor de um pai, que perde a filha brutalmente assassinada? Ninguém. Quem, no seu íntimo, não acharia que Deus é injusto e cruel por permitir tamanha atrocidade? Quem já viveu experiências semelhantes pode responder isso melhor do que qualquer pessoa. Quem tem filhos, fica profundamente incomodado com a história. E também, por que não dizer, revoltado. A grande pergunta que se faz é: existe perdão para quem comete um crime dessa envergadura? Você perdoaria? Em tempos de intolerância por todos os lados nas mais pequeninas coisas, em um caso como esse, perdoar, certamente, seria muito difícil.

Algumas religiões pregam o perdão como um esquecimento do passado, orientando que se deve colocar um véu sobre ele. Não um véu transparente, mas sim um que tenha um tecido mais espesso. Isto é, colocar uma espécie de ponto final, "uma pedra no assunto". "Será que é possível?", perguntei a mim mesma. O livro indica uma possibilidade bastante interessante:

"Perdoar não significa esquecer. Significa soltar a garganta da outra pessoa."

Fiquei intrigada com a metáfora, caros amigos. Como seria soltar a garganta da outra pessoa? Que atitude determinaria que eu estaria soltando a garganta do meu algoz? Deus, ou Papai como é chamado no livro, ouvindo meu questionamento, continua:

"O perdão não estabelece um relacionamento. O perdão existe em primeiro lugar para aquele que perdoa, para liberá-lo de algo que vai destruí-lo, que vai acabar com sua alegria e capacidade de amar integralmente e abertamente. O perdão não exige de modo algum que você confie naquele a quem perdoou. A não ser que as pessoas falem a verdade sobre o que fizeram e mudem a mente e o comportamento, não é possível um relacionamento de confiança. O que ele fez foi terrível. A raiva é a resposta certa para algo tão errado. Mas não deixe que a raiva, a dor e a perda que você sente o impeçam de perdoar e de tirar as mãos do pescoço dele."

Pode ser que eu esteja errada, mas acho que o Deus do autor William P. Young, no livro "A Cabana", quer dizer que se não soltarmos a garganta do algoz, nós iremos morrer com ele, afogados na mágoa, no ressentimento, no ódio e no rancor. Até aí, foi fácil, certo? No caso desse pai, não é difícil entender os seus sentimentos e suas atitudes revoltadas. Afinal, sua experiência é triste, traumática e sofrida. Mas no dia a dia temos a oportunidade de "soltar a garganta" de vários algozes, nas situações mais corriqueiras. 
O ambiente familiar e o de trabalho são os melhores lugares para se exercitar o perdão e a tolerância. Ao mesmo tempo, podem ser ainda mais difíceis para a prática deste exercício. No caso do assassino, nós, provavelmente, não iremos conviver com ele diariamente. Mas no caso de um irmão, parente ou colega de trabalho, teremos que olhá-lo com uma frequência bem maior do que desejaríamos. E aí, será que conseguiremos? 

Nosso cotidiano é recheado de pequenas vilanias, aparentemente inofensivas, mas que se descobertas, podem estabelecer um abismo nos relacionamentos. Falar mal de um colega, mentir para os companheiros, maltratar irmãos, filhos, pais... A lista é grande demais. Quantas vezes nos sentimos magoados com alguma atitude e as nossas reações são as mais diversas possíveis. Uns nunca mais se falam. Outros fingem esquecer, mas seguem alimentando o próprio interior de um rancor mudo, dolorido, ressentido. Fiquei pensando como seria "tirar as mãos do pescoço" desse algoz sutil, mas ferino? Não sei se cheguei ao certo a alguma conclusão. 

Sabe aquele amigo que mora no mais íntimo do seu coração? Pois é, um belo dia, ele diz uma palavra, ou toma alguma atitude que fere profundamente a sua sensibilidade e abala um sentimento que parecia forte. Esse relacionamento fica estremecido e nada parece conseguir resgatar os sentimentos de outrora. O que fazer com essa mágoa, esse ressentimento? As opções não são muitas. Você pode passar dias desejando que alguém seja capaz de feri-lo tanto quanto ele te feriu. Ou fingir que o ignora, mas mantendo a vigilância sobre tudo que lhe acontece para ver se algo está fazendo com que ele sofra de alguma forma. Ou, simplesmente, riscá-lo da sua vida e fazer de conta que ele nunca fez parte dela. Enfim, muitas reações para apenas uma ação. Todas, de certa forma, não deixam você tirar as mãos do pescoço desse inimigo sutil e tão presente, não é mesmo?

Mas como arrancar a dor, o rancor e o ressentimento causados por tão grande decepção? Resposta difícil. Quando somos traídos, muitas vezes temos até dificuldade em tocar no assunto. Machuca, fere, dói. Pois é, eu acho que aí é que está o erro. Trancar dentro de nós mesmos emoções tão dolorosas nos fará para sempre prisioneiros desse sentimento cinzento e obscuro. Temos que arrancá-lo de lá, custe o que custar. Mas como?

Pode parecer loucura, mas quando não se consegue verbalizar a dor para alguém real e concreto, talvez falar consigo mesmo, ou com o espelho possa ajudar. Verdade. Colocar para fora em voz alta pode ajudar a limpar o coração e a mente dessa sujeira rancorosa, que só vai fazer mal, em primeiro lugar, a nós mesmos. É uma tentativa. Com o coração leve e limpo, talvez fique mais fácil seguir em frente, tentando sempre não esperar mais das pessoas do que elas podem nos dar. Cada um tem que encontrar a sua forma de "tirar as mãos da garganta do outro". 

Uma frase me vem à cabeça neste momento. A primeira vez que a ouvi foi em uma palestra, que pretendia explicar por que as pessoas se decepcionam. O palestrante disse: "nós nos decepcionamos com as pessoas porque as idealizamos". É verdade. Sempre esperamos que as pessoas sejam ou façam aquilo que NÓS imaginamos, quando, na realidade, cada indivíduo é um ser único e, como tal, age de acordo com suas próprias crenças e experiências. 

Bem, talvez, o grande exercício diário a ser feito seja mesmo tentar não idealizar ninguém ou nenhuma situação. E, se ainda assim, situações ocorrerem que exijam o nosso esforço de compreensão, que consigamos, então, "tirar as mãos da garganta do nosso algoz". Buscar justiça, no caso do pai mencionado no livro, para impedir que o mal se propague e fira outras pessoas. Mas não vingança. Talvez, quem sabe, essa seja uma forma de alcançar a desejada libertação. Talvez... Quem sabe...