Nos últimos dias, navegando pelas
redes sociais, pude presenciar o acirramento dos ânimos diante da aceitação ou
não, pelo STF, do pedido de habeas corpus
para o ex-presidente Lula.
Não vou entrar aqui no mérito da
questão em si. Outros veículos e páginas estão fazendo a cobertura
intensamente. O que me chamou a atenção nas publicações foram os comentários,
dos mais respeitosos e embasados aos que destilam ódio e ressentimentos. Expressões
chulas, ofensas pessoais, argumentos fracos e agressivos povoaram as redes.
Porém uma discussão atraiu a minha atenção. A definição do que é uma ditadura.
Muitos têm defendido a volta dos
militares ao poder e afirmam que não houve ditadura militar no Brasil, o que,
em minha modesta opinião, contraria tudo o que aprendi nos bancos escolares,
nos livros que li e nos depoimentos de inúmeras pessoas que viveram os chamados
“anos de chumbo”.
Que alguém acredite que um
governo militar seja a solução para os nossos problemas, embora não concorde
com essa visão, aceito a opinião. Agora o que não posso aceitar, ou concordar,
é com a negação do período da ditadura militar instaurada no Brasil em 1964.
Para corroborar o que digo e baseada nas informações colhidas nos inúmeros
comentários que li, achei pertinente recorrer ao meu velho e querido dicionário
Aurélio, presente da minha saudosa e igualmente querida Mãe. Fui pesquisar o
significado da palavra DITADURA e queria compartilhar com vocês. Vamos lá?
A palavra tem origem no latim: dictadura. O dicionário Aurélio
apresenta três significados. São eles:
1) Forma
de governo em que todos os poderes se enfeixam nas mãos dum indivíduo, dum
grupo, duma assembleia, dum partido, ou duma classe.
2) Qualquer
regime de governo que cerceia ou suprime as liberdades individuais.
3) Excesso
de autoridade; despotismo; tirania.
Diante das explicações acima e
por todos os relatos que conhecemos, o período que corresponde aos governos
militares instaurados a partir de 1964 podem ser considerados ditadura sim.
Bem, esclarecimentos feitos, o
importante mesmo, a partir de agora, é olharmos para o futuro e tentarmos
construir algo melhor para todos nós. É bem verdade que poderíamos ter avançado
muito mais nos últimos trinta anos. Mas não. Velhas práticas ainda são uma
constante no cenário político. Descendentes das velhas oligarquias ainda ditam
as regras. Não tem que ser assim. Não podemos nos acostumar com isso.
Em um universo menor, no ambiente
escolar, certa vez, ouvi de um responsável um comentário sobre a escola
pública, que enfrentava grandes dificuldades e funcionava precariamente, que
não adiantava reclamar, pois “escola pública é assim mesmo”. Fiquei incomodada
e indignada com a frase. Não. Decididamente não. Não temos que encarar como
regra só porque algo “sempre foi assim”. Não tem que ser assim! Somos NÓS os
agentes da mudança. Somente nós! Pagamos impostos, elegemos nossos
representantes, temos que aprender a fiscalizar e cobrar. Não podemos encarar
como normal o que aconteceu na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro dia
desses, onde deputados ou assessores ficaram trocando figurinhas do álbum da
Copa no meio do plenário da ALERJ, enquanto acontecia uma votação,
provavelmente desinteressante e tediosa para eles. Não. Isso não é aceitável!
Queremos um Brasil melhor, então
temos que ser a cada dia brasileiros melhores para esta terra tão abençoada que
recebemos como Pátria. Encaremos sem medo nossas responsabilidades como
cidadãos. Sem comodismo. O Brasil anseia por isso.
Muito bem explicado Fátima, realmente os ânimos estão muito acirrados, basta ver a troca de ofensas nas redes sociais. Quem clama que os militares tomem o poder, não estudou história do Brasil. Beijos da Nitinha
ResponderExcluirPerfeito, Fátima!
ResponderExcluirAcho que a questão transcende a definição do dicionário, por conta da sua complexidade. Mesmo os que não gostam do termo não têm como negar que vivemos um regime de exceção de 1964 a 1985, capitaneado pelos militares. Acho que o principal dano de qualquer ditadura, seja ela de direita ou esquerda (não esquecer disso também) é a supressão das liberdades, individuais ou coletivas. As gerações mais jovens, que não tem noção do que é não se poder falar sobre qualquer coisa, podem não ter a noção exata do que é viver sem liberdade, física e de expressão. Mas quem, como eu, por exemplo, enquanto criança, que foi censurado por perguntar o que era "comunista", sem saber exatamente por que, ainda que não tenha tido nenhum contato com quem tenha sofrido diretamente os efeitos de tal regime de exceção, deve lutar com todas as suas forças para que não voltemos a estes tempos, até porque é ilusório pensar que com a volta da ditadura se possa ter também o retorno a supostos "bons tempos".
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