segunda-feira, 24 de junho de 2013

Passeio pela Feira do Livro Infantojuvenil - FNLIJ!!!

O Blog da Fátima Augusta não poderia deixar de mostrar para vocês, amigos leitores, como foi o passeio no 15º SALÃO DO LIVRO INFANTOJUVENIL (FNLIJ), no início de junho, no Centro de Convenções Sulamérica. 

Com vários eventos dedicados ao público infantil, o Salão reuniu diversos autores, que aproveitaram a ocasião para lançarem novos títulos, como foi o caso da escritora Bia Bedran e também da ilustradora do meu livro SOL, O GIRASSOL INSATISFEITO, Sandra Ronca, entre outros.

Bia Bedran, conhecida escritora do público infantil, lançou o seu novo livro intitulado O Caraminguá, com ilustrações de Simone Matias e publicado pela editora Nova Fronteira. No livro, Bia conta a história do pequeno Jorginho, que tenta de várias formas encontrar o que falta ao seu pai para que ele possa viver da sua música. Uma história muito sensível, que transmite um profundo amor fraternal. Vale a pena conferir mais este título da famosa contadora de histórias. No lançamento do livro, Bia, mais uma vez, conseguiu fazer da contação um momento muito musical, característica marcante em todos os seus trabalhos. Muito bom! Confiram abaixo alguns desses momentos tão prazerosos para a criançada e, por que não dizer, para nós também.


Contando e cantando a história de O CARAMINGUÁ.

Conversando com seus leitores.















Autografando...

Recebendo o carinho do seu pequeno leitor.


Blog da Fátima Augusta 'tietando' a autora.

O Blog da Fátima Augusta também teve outro encontro prazeroso no 15º Salão FNLIJ. Desta vez foi com Sandra Ronca, a ilustradora do livro SOL, O GIRASSOL INSATISFEITO. Sandra lançou dois livros durante a feira. Um somente como ilustradora, Casa de Vó é sempre domingo, de Marina Martinez. E outro, O sumiço do O, Sandra assina como autora e ilustradora. Colocamos o papo em dia e aproveitamos para falar um pouquinho de futuros projetos. Oba!

Confiram alguns momentos do nosso encontro:


Eu e Sandra Ronca no cantinho dos ilustradores. Pausa para um papinho.


Autora, ilustradora e desenhista do livro SOL, O GIRASSOL INSATISFEITO.

Como aconteceu em anos anteriores, na saída, todas as crianças recebiam um livro de brinde, escolhido por eles mesmos entre os vários títulos oferecidos pelos organizadores. Iniciativa que sempre faz sucesso e deixa a criançada eufórica. 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

CRÔNICA DO DIA: INSATISFAÇÃO!

Há meses acompanhamos toda a movimentação do país para se preparar para os grandes eventos internacionais que vai sediar. Sabe quando bate aquela sensação de angústia e impotência? É, acho que esses sentimentos podem definir meu estado de espírito. Sou da geração que nasceu sob a tutela do regime militar, quando ter determinados livros em casa podia ser considerado subversão. Ainda pequena, quando minha mãe trabalhava em uma escola, eu conhecia quase todos do colégio. Em algumas ocasiões, os meus olhos de criança viam alunos diferentes, um pouco mais velhos, procurando pelo segundo ano do segundo grau (atual ensino médio). Eu costumava dizer para minha mãe: "eu não conheço esse aluno". E minha mãe me mandava ficar quietinha. Por que será? 

Pois é, esse tempo ficou para trás. Ou talvez não. Agora vivemos em uma democracia, conquistada aos poucos com a "abertura lenta e gradual" do governo do então presidente Ernesto Geisel (é, acho que foi com ele). Nunca esqueci essa frase. Era como se fôssemos todos crianças, cujos pais vão nos dando um pouco de liberdade em doses homeopáticas. E assim seguimos nossa caminhada. Participamos do comício das Diretas Já, acreditando que eleger um presidente através do voto, e não mais pelo colégio eleitoral, iria mudar os rumos do nosso amado Brasil. Ainda me lembro de, recém saída da adolescência, dizer que devíamos nos preocupar com as eleições dos vereadores e prefeitos. Afinal, precisamos começar mudando a nossa cidade, para depois conseguir mudar um país de proporções continentais como o nosso. Bem, mas isso é um pensamento infantil de quem não entende muito de política, não é mesmo? Um fato curioso, acho que os militares também acreditavam nisso, pois a tal abertura lenta e gradual permitiu, inicialmente, o voto direto apenas para prefeitos e vereadores. 

E assim estávamos de volta à democracia! O primeiro presidente pós ditadura não chegou a governar. Morreu antes. Tivemos que nos contentar com o vice. Homem culto, disseram. Entrou até para a Academia Brasileira de Letras. E assim seguíamos gradualmente construindo nossa democracia. E o povo? Continuava sem escola, sem saúde, sem saneamento, contando tostões para sobreviver. De repente, a sua força foi descoberta. Não por eles, mas por aqueles que seriam os seus eleitos. Um famoso carnavalesco dizia que pobre gosta de luxo. E foi confiando nisso que elegemos um outro presidente culto, poliglota, que prometia acabar com os marajás. Acabou destituído do cargo e, mais uma vez, tivemos que nos contentar com o vice. Aí veio um outro homem culto, elegante, educado, que apesar dos comentários de alguns casos rumorosos como o Proer, Bancos Marka e Fonte Cindam, privatizações, governou por dois mandatos consecutivos. Finalmente, chegou ao poder supremo da nação brasileira o primeiro homem do povo, com pouca instrução, contrariando a afirmação daquele carnavalesco já mencionado. Carismático, popular (alguns dizem que ele é populista. Acho que é porque o seu governo ofereceu muitos programas assistencialistas. Acho que é por isso) e simpático, também governou o país por dois mandatos consecutivos. A diferença para o seu antecessor é que, apesar de um escândalo famoso, o chamado Mensalão, este presidente conseguiu eleger seu sucessor, ou melhor, sua sucessora. Mas e o povo, como está agora? Feliz? Acho que não. Ainda não encontramos aquele ou aqueles que vão, de fato, fazer a diferença. As promessas de outrora, daqueles que diziam que fariam tudo tão diferente, não se concretizaram e o que vimos foi uma farra com o dinheiro público, desde sempre. Apesar de algumas coisas boas... Sim, coisas boas, porque sempre existe um lado bom, esses governos anteriores deixaram aquela sensação de que as coisas não mudaram como imaginávamos que mudariam. Que desalento para os jovens eleitores pós ditadura militar!

Mas agora somos uma nação que está na rota dos eventos internacionais. E, por conta disso, o país todo parece estar em reforma. Não para o seu povo, que trabalha e sua camisa todos os dias. O país está sendo reformado para "inglês ver", isto é, para os estrangeiros, não para o seu povo. E dizem que não podemos fazer feio, temos que receber bem os turistas. Mas e nós? Nós, o povo brasileiro??? Quantos de nós vão poder assistir aos jogos da seleção brasileira ao vivo e a cores? Poucos. Pouquíssimos. Mas isso não importa muito para aqueles que nos governam e que fomos nós mesmos que os colocamos na posição em que estão. Defendem seus interesses e não de quem os elegeu.

No Rio de Janeiro, costumamos ouvir muito falar em "choque de ordem". Fico sempre pensando sobre isso. Presenciamos o descaso com a população no centro do Rio, vítima constante dos inúmeros assaltos na principal avenida da cidade, a Presidente Vargas. Onde está o tal choque de ordem? Juro que não sei do que se trata. Ah, minto, sei sim. O choque de ordem é para o cidadão que paga impostos. Esse, sim, sofre o efeito devastador desse choque, no bolso, na pele e na alma. Em nome da melhoria no trânsito, os cariocas são obrigados a trafegar com seus carros particulares por apenas duas faixas. Quem anda de ônibus dizem que se beneficiou com a medida. Bem, mas essas duas faixas dos carros particulares vivem constantemente engarrafadas e, como disse antes, os assaltos são frequentes na tal avenida, tanto para os transeuntes, quanto para os motoristas parados com os seus carros nos engarrafamentos. Se um desses carros resolve fugir da abordagem dos delinquentes e invade a faixa dos ônibus, ganha uma multa. Bem, temos que decidir para quem entregar nosso escasso patrimônio, conquistado através de muito, muito trabalho mesmo. Os organizadores do tráfego não podem proteger os cidadãos e seus veículos da abordagem criminosa. Foge a alçada deles. Mas eles podem multar os infratores. Bem, mas quem vai proteger este cidadão amedrontado e penalizado? Ah, deve ser o tal choque de ordem. Alguém me diga, quem é este indívíduo, por favor! Ele existe? Ele é municipal ou estadual? Ou será federal?

Ah, e não venham me dizer que os cidadãos que estão nos ônibus estão seguros. Não. Não estão. Eles também são vítimas dos mesmos delinquentes, enquanto os ônibus ficam parados nos pontos para embarque e desembarque de passageiros. O tal do choque de ordem também não consegue protegê-los não. Sabe o que eu acho? Se esse tal choque de ordem existe, é um cara muito mal informado. Porque todos que passam pela Avenida Presidente Vargas já são capazes de identificar os infratores, pois eles já foram mais do que filmados e divulgados. Estão ali todos os dias, certos da impunidade que os protege.

Bem, mas voltemos aos eventos internacionais. Estamos em plena Copa das Confederações, o grande evento de teste para a infraestrutura do nosso país para a Copa do Mundo no ano que vem. Sinto dizer, mas este evento ficou abafado pelas enormes manifestações populares que eclodiram por todo o país. Insatisfação, revolta, indignação tomaram conta do noticiário. Inicialmente ignoradas e até debochadas por certos políticos, as manifestações ganharam força e apoio. Tiveram uma grande vitória: a redução das tarifas de transporte recém aumentadas. Apesar de ninguém saber ainda quem vai pagar essa conta, a empolgação foi geral e o desejo de mais conquistas e mudanças tomou conta do Brasil. Mas, infelizmente, fomos pegos na contramão de uma minoria violenta, que deturpou e mutilou os anseios de uma população cansada de tantos desmandos, corrupção e impunidade. É um momento delicado, que pede cautela. Já vi gente defendendo um novo golpe. Isso me apavorou! Golpe? Será que quem está levantando essa bandeira sabe o que significa, de fato, um golpe? Perderemos tudo o que conquistamos até o momento. O descrédito internacional será enorme e, mais uma vez, os países do primeiro mundo vão olhar para nós como se fôssemos uma republiqueta de bananas. Nada contra o fruto, que é excelente. Mas isso eu não quero! Não quero ninguém me dizendo o que posso ler ou não. Não. Quero continuar elegendo quem me representa e, se errar na primeira, procuro consertar na próxima. Eu QUERO essa responsabilidade!

Vamos parar com a ideia do salvador da pátria, do herói único, sábio, onipresente, onipotente, que nos mostrará o caminho a seguir. Esse homem não existe. O que existe e devemos conquistar são instituições fortes, boa representatividade no congresso, segurança, saúde, educação, dignidade, cidadania, liberdade de escolhas... Democracia! É isso que eu quero, que eu desejo para mim, para a minha família e para todo o povo brasileiro. É, para o meu amado Brasil! Meu país querido, gigante, belo... Meu Brasil!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

SOL, O GIRASSOL participa de prova preparatória!!!

Vocês lembram que Sol, o girassol insatisfeito queria muito sair do jardim para conhecer novos lugares e fazer novos amigos? Pois é, podem acreditar, ele agora não está mais insatisfeito. Pelo contrário! Está muito feliz! A cada dia ele faz mais e mais amigos. E até de prova ele tem participado! É verdade. A história do girassol sonhador fez parte da prova preparatória de língua portuguesa dos alunos do quinto ano do ensino fundamental do Colégio Martinsinho. 

O simulado do Martinsinho é um treinamento para os alunos que pretendem ingressar no sexto ano dos colégios de Aplicação da UFRJ, UERJ e Colégio Militar. Neste simulado de português, o tema trabalhado foi a amizade e, por essa razão, a história do Sol caiu como uma luva. Afinal, o girassol sonhador  tem um amigo incrível, Lupe, que não mede esforços para defendê-lo.

É com imensa alegria que vejo a mensagem do livro Sol, o girassol insatisfeito ajudando as nossas crianças a enfrentarem os primeiros desafios de suas vidas. Meus agradecimentos à equipe do Colégio Martinsinho e em especial a professora Ednalva. Obrigada!

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Começa hoje o 15º SALÃO DO LIVRO INFANTOJUVENIL!!!

A partir de hoje, o universo infantojuvenil abre suas portas no Centro de Convenções Sulamerica. Aberto de segunda a sexta, das 08:30h às 18 horas, e aos sábados das 10 às 20 horas, o 15º SALÃO FNLIJ DO LIVRO deste ano faz uma homenagem aos ilustradores e também à literatura colombiana, que contará, inclusive, com a presença da Ministra da Cultura daquele país, Mariana Garcés. 

Os organizadores garantem que a feira apresenta livros para os mais variados gostos e as 71 editoras não poupam esforços para atrair o público. Estão previstos vários lançamentos de livros durante o evento, bate-papo com autores e ilustradores, contação de histórias, entre outras coisas.

Confira a programação completa na página da Fundação Nacional do Livro Infantojuvenil (FNLIJ):

Mas, desde já, podemos destacar alguns eventos da feira e um deles é particularmente especial para os leitores do Blog da Fátima Augusta, pois a protagonista já é bem conhecida dos leitores. Já adivinharam? Não? Então, vou dar a dica. Ela é a ilustradora do livro SOL, O GIRASSOL INSATISFEITO! Lembraram? Ela mesma: Sandra Ronca!  A autora e ilustradora estará presente amanhã, dia 06, às 10 horas, na Biblioteca FNLIJ para crianças, para apresentar o seu livro, O Sumiço do O, da Editora Prumo. E no próximo dia 09, domingo, às 11 horas, ela estará no estande da Editora Nova Fronteira, desta vez somente como ilustradora, para conversar sobre o livro Casa de Vó é sempre domingo, da autora Marina Martinez. 

Também no dia 09, às 11 horas, Ziraldo lança o livro Maluquinho pega na mentira, da Editora Globo. 

No dia 08, às 17 horas, Bia Bedran lança o livro O Caraminguá, da Editora Nova Fronteira.

E, por fim, uma dica para o público adolescente. A famosa autora Thalita Rebouças promete um bate-papo animado com os seus jovens leitores, dia 16 de junho, a partir das 14 horas.

As escolas também podem levar seus alunos para visitar a feira. Basta agendar a visita previamente através do endereço eletrônico visitacaoescolar@fnlij.org.br

O evento fica até o dia 16 de junho e os ingressos custam cinco reais. Vale lembrar que a entrada é gratuita para os maiores de 60 anos, os portadores de deficiência e os professores da rede municipal do Rio de Janeiro.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Crônica do Dia: CALOR MUSICAL!

Sabe aquele dia que você acorda com preguiça e pensa: por que não é feriado? 

O desejo de continuar na cama quente, de olhos fechados, distante do burburinho do dia que começa. É, mas é só aquele desejo esboçado no mais íntimo dos pensamentos. Vamos acordar, abrir os olhos, sacudir a preguiça e buscar a disposição. Afinal, o dia já começou!

E aí vem tudo de novo: banho, café da manhã, preparar o lanche e a mochila para a escola do filho, procurar uma roupa que lhe incentive a enfrentar o novo dia com mais disposição e... Partir para o trabalho!

Engarrafamento, trânsito tenso e agitado e, finalmente, chegada à escola. Na entrada, beijos, abraços e um adeus cheio de uma saudade preguiçosa. Por instantes, eu paro e vejo o meu amor partindo para enfrentar também a rotina do novo dia. Dá aquela saudade da época de escola, dos amigos da adolescência, da infância, de como a vida era boa (na época nem parecia tanto assim, não é mesmo?)... 

Bem, mas é hora de retornar ao carro, enfrentar mais trânsito e chegar ao trabalho. Entro no carro e me preparo para a guerra. É, porque o trânsito em uma grande cidade é, literalmente, uma guerra! Coloco o cinto de segurança, viro a chave na ignição, ligo o rádio e, subitamente, quando vou engatar a marcha, tudo muda... 

O rádio toca a melodia suave da canção VELHA INFÂNCIA. A voz maravilhosa da cantora Marisa Monte, ao lado dos Tribalistas, me faz desistir de engatar a marcha. Com a cabeça recostada, sinto os primeiros raios de sol de uma manhã linda, fresca e suave do outono carioca na minha face. Fecho os olhos e sinto o calor do astro rei me acariciando e me aquecendo. A música, as lembranças, o sol, a beleza do momento... Tudo mudou! O dia ganhou novas cores, nova disposição... Trânsito? Onde? Barulho, buzinas? Não ouço mais nada. Abro os olhos e vejo as pessoas de forma diferente. Não as ouço, só as vejo. Parece que a tecla mudo foi acionada no controle remoto imaginário. Que vontade de fazer tudo diferente naquele dia... Se vou conseguir, não sei. Certezas? Para quê? Fico com a beleza da sensação daquele momento que foi só meu. De mais ninguém! 

domingo, 28 de abril de 2013

MEUS OITO ANOS - Casimiro de Abreu.

Estava eu folheando o caderno escolar do meu filho, quando me deparei com a poesia que ele havia estudado naquele dia na escola. Foi uma grata e adorável surpresa! Que belos versos, que lembranças doces e cheias de saudade... As do autor e as nossas... Mas nada sofrido... É aquela saudade gostosa de quem viveu belos e bons momentos na infância. Não é um desejo de se voltar no tempo e sim de aproveitar tudo de bom que vivenciamos naqueles dias, para tornar o nosso presente o que o nome já diz: UM PRESENTE!

Diante da emoção que senti ao reler esta poesia, decidi compartilhar com o meu filho esse sentimento tão profundo. Na hora de dormir, eu peguei a poesia e disse que tinha adorado vê-la no seu caderno e, por isso, ia ler para ele novamente. E assim fiz. Ao final, percebi que os seus olhinhos estavam cheios d'água. Dei um sorriso e ele me disse: "Ai, Mãe, fiquei tão emocionado!" E eu mais ainda! Dei-lhe um beijo de boa noite e fizemos as orações agradecendo por tudo de belo que existe no mundo. Ele dormiu tranquilo e em paz. E eu também. Graças a Casimiro de Abreu e os seus versos tão lindamente escritos e inspirados!

Por isso, meus caros e queridos amigos leitores, vou transcrever para vocês o texto da belíssima poesia de Casimiro de Abreu, MEUS OITO ANOS.


MEUS OITO ANOS
(Casimiro de Abreu)

Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida.
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras, 
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor,
O mar - é lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! Dias da minha infância!
Oh! Meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nem risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberto o peito,
- Pés descalços, braços nus - 
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar,
Rezava às Ave-Marias
Achava o céu sempre lindo,
E despertava a cantar!

Oh! Que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida.
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Dica de livro: MELHORES CRÔNICAS, de Rachel de Queiroz.

Na minha última postagem sobre o DIA MUNDIAL DO LIVRO e DOS DIREITOS DO AUTOR, recebi um pedido muito especial de um fiel seguidor do meu blog. Ele deseja receber uma indicação de livro para ler. Sendo assim, vejam o texto abaixo e conheçam o que anda ocupando minha mente nos últimos dias.


O livro que indico e estou lendo no momento pertence a Coleção Melhores Crônicas, sob a direção de Edla van Steen. Eu escolhi o livro Melhores Crônicas da Rachel de Queiroz, cuja seleção e prefácio foram feitos por Heloísa Buarque de Hollanda

Rachel de Queiroz é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras do século XX e foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras. “No quadro de sua atividade regular na imprensa, foi na crônica que concentrou a maior parte de sua colaboração. Foi a crônica o espaço onde melhor registrou suas lembranças, opiniões, afetos, indignações”, afirma Heloísa em seu prefácio, acrescentando que foi através de suas crônicas, que “a autora mais experimentou os limites de sua escrita”.



Em suas crônicas sentimos como se Rachel estivesse conversando conosco. Eu, particularmente, destaco algumas, que me tocaram mais fortemente ao coração, como A donzela e a moura torta, Saudade e Pátria Amada, por diferentes razões. 

Em A donzela e a moura torta percebemos e sentimos a ignorância e a inutilidade dos ódios que vão passando de pai para filho, sem sequer sabermos mais o motivo que desencadeou tal sentimento. Essa crônica nos faz refletir muito sobre os nossos próprios sentimentos, mesmo que eles não sejam tão intensos e violentos como os das famílias ricas da referida história. Muitas vezes, a intensidade dos sentimentos é tão forte, que nos impede de seguirmos adiante com as nossas vidas. 

Em Saudade vivenciamos mais momentos de reflexão, quando a autora afirma não ter “saudade de nada... Nem mesmo de quem morreu.” Levamos um susto, mas logo em seguida ela explica que sente falta da presença, mas no momento atual, não da presença e das experiências do passado. Faz sentido, não é mesmo?  Não é saudade do que ficou para trás e sim a falta de não poder viver novas experiências com aquela pessoa que já partiu.

Quem já passou algum tempo fora do país vai entender muito bem o sentimento que ela descreve em Pátria Amada. Encontrar subitamente algo que nos lembre a nossa pátria (no caso do texto em questão, ela menciona a bandeira nacional), pode nos fazer sentir uma falta inimaginável da nossa terra. Cheguei a sorrir quando Rachel diz: “o que você quer é bagunça, o que você quer é isto mesmo – é Brasil que você quer!” De fato, quando estamos longe do nosso país, sentimos falta até dos seus defeitos e imperfeições.  

Enfim, um livro ótimo, que nos convida a reflexão em cada texto, em cada página. Às vezes, triste. Às vezes, engraçado. Às vezes, extremamente profundo. Mas sempre fascinante!

Coleção Melhores Crônicas
Autor: Rachel de Queiroz
Global Editora